"A Escola como espaço sócio-cultural" de Juarez Tarcísio Dayrell aborda a importância de resgatar o papel dos sujeitos que constituem a escola, visando através das suas experiências, desenvolver indivíduos que reflitam, possam agir e viver de maneiras diferentes, porém concretas. Segundo o autor, "são as relações sociais que realmente educam. Isto é, formam e produzem os indivíduos em suas realidades singulares." (p.2).
Outono de 1997,
O texto me leva a refletir alguns momentos do meu histórico escolar desde a Educação Básica até o Ensino Médio. Nasci no ano da Liberdade, da Redemocratização brasileira (1985). No meu povoado, Ararai- zona rural de Nossa Senhora Aparecida-Se, não tínhamos Educação Infantil.
Aos sete anos de idade ingressei na antiga primeira série, numa sala única, bem estreitinha, em classe multiseriado. A professora tinha acabado de concluir a 8ª série, mas naquele tempo alunos que soubessem um pouquinho a mais poderiam dar aula. Quadro, carteiras ( não para todos), caderno, lápis, borracha, tabuada e um ABC ( cinza com letrinhas azuis) eram os materiais disponibilizados para todos. O processo de memorização do alfabeto e da tabuada predominava a aula, todos os dias da semana. Reprovei 3 anos consecutivos na primeira série porque não enxergava bem devido uma míopia forte. Depois desse episódio de reprovações, minha mãe me transferiu para um povoado há cinco quilometros da minha casa chamado Cruz das Graças. A nova escola, por nome Colégio Estadual Marcílio Dias era linda, muito grande, ofertava da primeira à quinta série. Notava-se a diferença das aulas. Cada turma tinha um professor. O meu, na 3ª série Chamava-se prof. Lenilson, um excelente profissional. Usava muito pouco o livro didático, era dinâmico, criativo na hora de explicar os conteúdos. Chamava cada aluno para o quadro, e corrigia os cadernos aluno por aluno, após cada exercício. Considero que este professor se encaixa num perfil de mediador, porque ele nos escutava, questionava toda a turma pra contar as experiências adquiridas em casa, na rua ,na comunidade, nos livros, jornais etc. não ficava preso a memorização de conceitos. Com um olhar refinado ele descobriu que eu tinha problemas de vista, e orientou meus pais a procurarem ajuda. Também explicou que o meu histórico de reprovações advinha desse problema. Foi um professor que marcou muito a minha infância.
Aos sete anos de idade ingressei na antiga primeira série, numa sala única, bem estreitinha, em classe multiseriado. A professora tinha acabado de concluir a 8ª série, mas naquele tempo alunos que soubessem um pouquinho a mais poderiam dar aula. Quadro, carteiras ( não para todos), caderno, lápis, borracha, tabuada e um ABC ( cinza com letrinhas azuis) eram os materiais disponibilizados para todos. O processo de memorização do alfabeto e da tabuada predominava a aula, todos os dias da semana. Reprovei 3 anos consecutivos na primeira série porque não enxergava bem devido uma míopia forte. Depois desse episódio de reprovações, minha mãe me transferiu para um povoado há cinco quilometros da minha casa chamado Cruz das Graças. A nova escola, por nome Colégio Estadual Marcílio Dias era linda, muito grande, ofertava da primeira à quinta série. Notava-se a diferença das aulas. Cada turma tinha um professor. O meu, na 3ª série Chamava-se prof. Lenilson, um excelente profissional. Usava muito pouco o livro didático, era dinâmico, criativo na hora de explicar os conteúdos. Chamava cada aluno para o quadro, e corrigia os cadernos aluno por aluno, após cada exercício. Considero que este professor se encaixa num perfil de mediador, porque ele nos escutava, questionava toda a turma pra contar as experiências adquiridas em casa, na rua ,na comunidade, nos livros, jornais etc. não ficava preso a memorização de conceitos. Com um olhar refinado ele descobriu que eu tinha problemas de vista, e orientou meus pais a procurarem ajuda. Também explicou que o meu histórico de reprovações advinha desse problema. Foi um professor que marcou muito a minha infância.
Nas séries seguintes, ainda na mesma escola, os professores eram todos formados pela UNiversidade federal de Sergipe, incluindo a Diretoria do Colégio que dispunha de profissionais excepcionais a contar: Coordenador Adelmo e diretor Edvaldo. Fazíamos Gincanas, Feiras de Ciências, Futsal, Declamações de Poemas, Literatura de Cordel etc.
Na frente da escola Ruy Eloy -Aju
Parte da minha turma da 5 série
Parte dos funcionários
Na frente da escola Ruy Eloy -Aju
Parte da minha turma da 5 série
Parte dos funcionários
A minha 5ª e 6ª séries fiz em Aracaju, no Colegio Estadual Ruy Eloy, porque neste período tive que trabalhar como babá para ajudar em casa.
Genteee, foi maravilhoso!!! Descobri tantas coisa novas que eu nem sabia que existiam. A Diretora Mércia, era uma senhora muito linda, inteligente, conseguia paletrantes de diversas áreas para debates com os alunos na escola. Toda semana tinha algo diferente. Os professores sabiam dar aula como ninguém. Uma marcou muito a minha vida, foi a professora Ana Maria, uma baixinha arretada. Negra, extrovertida, brincalhona e muito, muito criativa, ela transformava a nossa sala num ambiente alegre, rico de aprendizagens. Filmes em DVDs, teatro, dramatizações, criações de poemas tudo ela inventava. Andava com uma mochila cheia de materiais para facilitar nosso aprendizado. Outra, Simone de geografia, trazia experimentos para trabalharmso as formas de relevo, a formação e erupção vulcãnica, mandava a gente pra biblioteca municipal fazer pesquisa, anotações depois trabalhavamos em forma de debates o que tínhamos pesquisado etc. Essa professora me marcou bastante também, porque eu sempre vivi numa "caixinha", não somente pelo fato de ser do interior mas por conta da minha cultura, da minha religião etc. outro dia ela e os demais professores decidiram fazer um evento cultural onde todas as turmas iriam representar as diversas culturas do brasil. Nós da 5ª série ficamos com o estado de Pernambuco.
Nooossaaaa!!! nem conto pra vocês o que aconteceu !!!!!
Nooossaaaa!!! nem conto pra vocês o que aconteceu !!!!!
Fui participar logo de quê mesmo ????? ADVINHA!! Isso mesmooo!! DO FREVO!.
Foi a primeira vez na vida que ouvi outro estilo de música diferente do nosso ( que eu nem sabia que era forró), e adoreei! Não sabia eu que dançar frevo não é para qualquer um, quanto mais pra mim que fui criada numa família que dizia que dançar era pecado. Pois bem, entre ensaios, quedas chororô e decepçoes, eu não conseguia passar a sombrinha por debaixo das pernas.
Resolvido o problema, prof.ª Simone me deu uma das atividades mais lindas que foi declamar e dramatizar uma poesia do queridíssimo Manuel Bandeira "
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto... Fecha o meu livro, se por agora Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão... Dói-me nas veias. Amargo e quente, Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústica rouca,
Assim dos lábios a vida corre, Deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem morre.
Foi gratificante! Pela primeira vez pude me fantasiar à carater, usar maquiagens ( antes munca usado), e me "soltar" num palco como se somente eu existisse naquele momento. FOI LINDOOO!!
Participei de um momento arguitivo, onde um representante de cada turma iria responder um questionãrio sobre a vida do ex presidente Luiz inácio lula da Silva ( ganahamos nesse quesito) e ainda no mesmo evento apresentamos possibilidades de cuidado e preservação do meio ambiente através de cartazes, materiais reciclados etc.
Essas professoras, me inspiraram e me inspiram a ser uma profissional do futuro, pois sou muito mais corajosa e aprendi a enfrentar e superar os dogmas que eu carregava, do que "pode ou não fazer" , e do que é" certo ou errado." Elas me mostraram que eu podia fazer coisas novas , me reinventando e me redescobrindo como um ser humano que carregava dentro de mim, porém oculto, uma liberdade de poder fazer coisas diferentes , no caso a dramatização em público. Pode parecer bobo, simples, mas foi muito significante na minha vida. Após aquele dia eu voltei para casa com outra visão de mundo, me sentindo muito mais confiante e até disposta a encarar novos desafios.
7ª e 8ª séries fiz no Colégio Estadual João Salônio em Aparecida. Mais uma vez fui agraciada de ter um corpo docente formados na UFS. As aulas eram conteudistas também porém os professores eram bem dinâmicos nas explicações. Faziam comparações com coisas do nosso dia a dia, reflexões, nos questionavam sobre o nosso ponto de vista em determinado assunto. A escola fazia gincanas que ao meu ver são muito produtivas; feiras de ciências, com plantas medicinais, daí eles pediam pra os alunos pesquisarem, conversar com pessoas mais velhas sobre determinadas plantas, como que eles aprenderam a fazer os chás, com quem, os remédios caseiros etc. então, são metodologias que trazem um retorno positivo assim como a interação da escola com a comunidade.
No Ensino Médio eu tive várias complicações. Muito caso de desistência por conta do trabalho, na verdade o meu Fundamental foi marcado por desistências antes de findar o ano o que resultou no atraso considerado e que me levou a fazer a Educação de Jovens e Adultos.
Nesta modalidade eu não tenho lembranças muito boas, a contar pelo distanciamento professor-aluno, talvéz por ter sido aulas à distância ( somente aos sábados), não lembro o nome de nenhum professor. Me senti prejudicada e até arrependida de ter concluído assim. Porém, considero que poderia ter sido bem pior se eu tivesse desistido, não estaria aqui agora, graduanda de Pedagogia pela UFS. As aulas eram curtas, das 08:hs às 11:00 todos os sábados. Os professores passavam pequenos textos pra gente fazer resumos ( que no geral eram cópias), e estudar para uma única prova semestral. Senti falta de um estudo mais elaborado e completo.
Enfim, na Universidade!! Professores(as) com mestrado doutorado etc. muito competentes que fazem de um tudo para enriquecer e colaborar com o nosso processo de formação. Mas, mesmo diante das tecnologias, dos meios de comunicação, da boa vontade e de todo esse aparato disponível na nossa Universidade, é notável que ainda precisa-se mudar muito a forma de ensino. Há muita repetição de conteúdo, muita teoria, claro que são importantes, mas pouca prática em sala de aula, poucos programas disponíveis para que os alunos possam vivenciar teoria versus práticas. o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID é um recurso que valoriza e capacita a formação docente nos Anos Inicias da Educação Básica e que deveria ser destinado à todos os discentes. No entanto, alguns poucos alunos são contemplados com o programa, o que acaba por gerar um certo distanciamento do graduando com a sala de aula antes dos estágios. Necessitamos ainda no nosso curso , mais aulas de campo, de visitas a lugares que nos proprocionem um aprendizado mais concreto, ( aldeias, museus, quilombos, zoológicos, trilhas, comunidades, escolas etc.) que fuja da ideia de decorar teorias. Precisa-se sair mais, que as nossas aulas não sejam voltadas para o professor falando e nós ouvindo. Roda de conversas, debates, palestras, exposições etc. Reeinterando, precisamos de mais atividades, o que não significa dizer que não temos. Que tenhamos mais, muito mais!
No texto, acima citado há um relato de uma observação numa escola. Nota-se que ao abrir os portões começam a chegar um público bastante diversificado. O narrador descreve com precisão os relatos de tudo o que ele vê na sua observação naquele dia. Através da sua descrição é possível imaginar todos os movimentos e ações que aconteceram. O que nos leva a concluir que ao fazermos um trabalho como este, precisamos estar conectados com o ambiente em todas as suas formas , ou seja, com um olhar refinado para anotar tudo que for possível e visível aos nossos olhos.
Estou com uma disciplina de Estágio Supervisionado I, e gostaria de me aprofundar nesse modelo de observação, porque o autor me fez imaginar em todos os seus possíveis aspectos, o cotidiano daquela escola na sua forma de descrevê-la, sem em momento algum deixar que o "eu acho" aparecesse.
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ufaaa!!!! entrei em sua vida. kkkk linda vida, descobrimentos, alegrias, decepções e muita coisa pra contar... tenho certeza que terá muito mais pra nos contar dessa sua trajetória incrível. bjs gata. parabéns.
ResponderExcluirkkkkkkkk, seja bem vindaaa!!!!
ResponderExcluirsão muitas histórias mesmoooo!!
adoro falar, demais até... rsrsrsrs
acho que saí a minha vóvó Eugênia kkkkk
Que trajetória josy! Parabéns por ser essa mulher guerreira, dedicada e perseverante! bjs...
ResponderExcluirobrigada, Bia! você também é uma guerreira linda. bjs
ExcluirMuito bom... amei conhecer um pouquinho da sua história!
ResponderExcluirfoi?? kkk, obrigada !!!
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